A Valve tem uma longa tradição de experimentação com hardware. Desde o início das Steam Machines até o sucesso do Steam Deck, a jornada da Valve para levar os jogos de PC à sala de estar continua em pleno andamento. A recente revelação do projeto Fremont renovou o interesse nas ambições da empresa quanto a consoles. Os resultados dos testes da Geekbench lançaram luz sobre algumas especificações do Fremont, oferecendo uma visão do seu potencial e posicionamento.

A Valve já se aventurou no mundo do hardware, notoriamente com o programa Steam Machine em 2015, que tentou estabelecer um ecossistema de hospedagem de PC através de uma combinação da plataforma Linux + SteamOS e fabricantes de hardware OEM. No entanto, devido a um posicionamento vago, preços e configurações inconsistentes, além da falta de suporte robusto de software, o programa não obteve sucesso.

Esse revés levou a Valve a adotar uma estratégia diferente com o Steam Deck, que foi projetado internamente e combinado com APUs personalizadas da AMD, otimizadas para o ecossistema SteamOS, ganhando aceitação no mercado. O sucesso do Steam Deck não apenas demonstrou a proficiência da Valve na criação de hardware, mas também estabeleceu uma base técnica e de usuários para o Fremont.

Baseando-se nos dados disponíveis, o Fremont utiliza o chip Hawk Point 2, de codinome "AMD Custom CPU 1772", com uma arquitetura Zen 4 com 6 núcleos e 12 threads, e uma faixa de frequência de 3,2 - 4,8 GHz. Em comparação com o Van Gogh do Steam Deck OLED (Zen 2, 4 núcleos, 8 threads), Fremont está à frente em termos de arquitetura, contagem de núcleos e frequência.

Além disso, o Fremont dispensa uma GPU integrada em favor de uma placa gráfica discreta, a Radeon RX 7600. Esta placa é baseada na arquitetura Navi 33, equipada com 32 RDNA 3 CUs, 8GB de memória GDDR6, oferecendo desempenho adequado para jogos de alta qualidade 1080p e 1440p. Em comparação com os gráficos integrados do Steam Deck, isso representa um avanço significativo, posicionando o Fremont mais como um console de sala de estar, do que apenas um sucessor portátil.

Com base nos testes do Geekbench, o Fremont alcançou pontuações de 2.412 em single-core e 7.451 em multi-core, quase o dobro do Steam Deck OLED. Este desempenho se assemelha a um desktop Core i3-13100F emparelhado com um RX 7600. Dado que esta é uma unidade de engenharia operando no Windows 11 Pro, a experiência final pode ultrapassar os benchmarks atuais em um ambiente otimizado para o SteamOS.

Esse desempenho indica que o Fremont é totalmente capaz de lidar com títulos AAA que demandam mais do hardware, superando o Steam Deck em qualidade de imagem e fluidez. Mais criticamente, a configuração gráfica discreta é projetada para cenários de alta carga sustentada, estabelecendo uma base para sua entrada nos mercados de entretenimento e jogos na sala de estar.

Se o Fremont for lançado, isso marcaria a segunda incursão da Valve no mundo dos consoles. Embora o Fremont possa ter poder bruto inferior em comparação com o Xbox Series S / X e o PlayStation 5, seus pontos fortes principais incluem:

• Ecossistema aberto: o SteamOS suporta uma ampla gama de jogos de PC sem depender de conteúdo exclusivo
• Flexibilidade de hardware: A utilização da arquitetura padrão da AMD facilita upgrades e manutenção semelhantes aos PCs tradicionais.
• Base de Usuários estabelecida: Com uma vasta base de jogadores já presente no SteamOS, o Fremont pode facilmente aproveitar esse mercado.

No entanto, há desafios a serem enfrentados. Primeiro, o público no mercado de jogos de PC para sala de estar é limitado, e o Fremont precisará competir com os consoles existentes em termos de preço. Em segundo lugar, abordar o consumo de energia e a dispersão de calor em um design compacto é um desafio formidável de engenharia. Por último, melhorar a compatibilidade e a usabilidade do SteamOS continua sendo necessário para rivalizar com o domínio do Windows nos jogos de PC.

O Fremont ainda está na fase de desenvolvimento, e sua forma final e posicionamento no mercado ainda estão para ser determinados. No entanto, é evidente que ele está se configurando como um "console híbrido", que incorpora o conceito das Steam Machines, aproveitando o sucesso do Steam Deck. Se a Valve conseguir equilibrar com sucesso custo, resfriamento e otimização de software, o Fremont pode representar o próximo passo de sucesso da empresa na arena de hardware pós-Steam Deck.

À medida que mais detalhes emergem, o Fremont tem o potencial não apenas de ampliar as escolhas para os jogadores, mas também de introduzir novas dinâmicas no mercado de consoles. Para a indústria em geral, este é um desenvolvimento que certamente merece atenção.